

Razão em transe: o barroco e o cinema de Glauber Rocha
Rodrigo Cássio Oliveira
De certa forma, tal como a coerência entre ética e estética que Glauber Rocha buscou incansavelmente, Razão em transe obedece ao pressuposto de adequação entre o tema e o tratamento dele. Tanto em Glauber Rocha como em Rodrigo Cássio Oliveira, o Brasil e a América Latina são configurações enigmáticas, de difícil penetração e entendimento, avessas a qualquer intento de simplificação, o que justifica e legitima a trajetória labiríntica, barroca, de ambos os autores. Seguindo os rastros de Glauber Rocha, Rodrigo chega ao centro desse labirinto: a defasagem como produtividade, ou o aspecto positivo da modernização, que é sempre tortuosa e enviesada no país assim como no continente. A defasagem da modernização latino-americana é também o espaço da engenhosidade barroca - el ingenio –, para onde confluem diferentes espaço-tempos, histórias, culturas, línguas, e que constroem esse texto complexo e de difícil tradução chamado Brasil. Por isso, a importância da arte, de todas as turas , pintura, escultura, escritura – e, com todas elas juntas, do CINEMA –, para dar conta do intraduzível, do enigma sob a forma da alegoria barroca, evidenciada no livro pela competente leitura dos filmes de Glauber Rocha.
Rita de Cássia Miranda Diogo
Nº de pág.: 359
ISBN: 978-65-5917-162-0
DOI: 10.22350/9786559171620